Operação da Polícia Civil de Mogi prendeu 24 pessoas nesta segunda (1º).
Para polícia, quatro quadrilhas agiam de forma interligada.
As quatro quadrilhas especializadas em roubo de carga descobertas por policiais de Mogi das Cruzes movimentaram mais de R$ 1 milhão, segundo informações divulgadas pela Polícia Civil na tarde desta segunda-feira (1º). O delegado Alexandre Batalha, responsável pelo Núcleo de Investigações de Roubo de Carga de Mogi das Cruzes, informou que o valor corresponde a 28 roubos identificados pela polícia desde fevereiro de 2015. Em cada um, entre venda de carga e caminhão, os criminosos ganhavam cerca de R$ 50 mil. Assim, segundo a polícia, as quatro quadrilhas receberam mais de R$ 1 milhão.
Desde a madrugada desta segunda-feira (1º), 150 policiais da Grande São Paulo fazem uma operação para cumprir 36 mandados de prisão contra suspeitos de participar de roubos de carga em estradas do estado. A ação ganhou o nome de Operação Carga Segura. Na capital e em Guarulhos, 24 pessoas já foram presas, entre elas, uma mulher conhecida como Loira, de 21 anos.
De acordo com as informações passadas pelo delegado em coletiva na tarde desta segunda, a mulher fazia as vítimas pararem na estrada. “Ela simulava que o caminhão estava com problema. Isso levava as pessoas a pararem. Outros dois ou três veículos também avisavam o motorista para distrai-lo e para que ele parasse com o caminhão”, explica.
Outra estratégia, ainda segundo o delegado, era usar um carro com sirene, que foi apreendido. Dessa forma, os criminosos obrigavam os caminhoneiros a parar fingindo ser policiais.
Para a polícia, as quadrilhas agiam de forma interligada principalmente nas rodovias Fernão Dias, Dutra e na Ayrton Senna. “Não havia carga prioritária. A maioria dos caminhões não tinha seguro e cada um era avaliado, com a carga, em cerca de R$ 300 mil. Em uma das quadrilhas há a suspeita de ter um cativeiro. As outras usavam o próprio veículo para manter as vítimas”, diz o delegado. “Fizemos a identificação de cada integrante: o que ficava com a vítima, outro que tirava o rastreador, outro que trocava a placa, outro que fornecia a placa adulterada e principalmente os receptadores”, continua Batalha.
Operação
A operação é comandada pela Delegacia Seccional de Mogi das Cruzes, que começou as investigações depois de um roubo na Rodovia Ayrton Senna, no trecho de Mogi das Cruzes, em janeiro deste ano. A partir do caso, a polícia foi autorizada a fazer escutas e a acompanhar os suspeitos ao longo das rodovias.
Ainda de acordo com a polícia, na operação foram apreendidos 17 carros, sendo um com sirene e luzes semelhantes às de um veículo da polícia, uma moto aquática e um aparelho que serve para desligar o rastreador dos caminhões.A polícia ainda faz levantamentos, mas acredita que muitos desses veículos foram comprados com o dinheiro do crime e também eram usados nas ações. A polícia informou ainda que 16 caminhões foram recuperados.
Além dos mandados de prisão, a Polícia Civil informou que também vai cumprir 99 mandados de busca e apreensão em vários municípios da Região Metropolitana. Também estão na mira da polícia três receptadores: dois na Grande São Paulo e um no Piauí. Eles recebiam caminhões roubados para a revenda.
Segundo a polícia, todos vão responder por roubo qualificado, formação de quadrilha e sequestro, já que em todas as ocasiões os motoristas eram feitos reféns por horas e ficavam rodando em um veículo com os criminosos ou eram mantidos em cativeiro.
A Polícia Civil fez um perfil das quadrilhas investigadas. A primeira descoberta tinha 13 integrantes. O grupo atuava principalmente na Fernão Dias, e o foco dele eram caminhões que seriam levados para o Piauí com as placas adulteradas.
A segunda quadrilha tinha 12 integrantes, e a atuação era concentrada na Rodovia Presidente Dutra. A terceira também tinha como foco as cargas e tinha cinco integrantes. Já a quarta quadrilha contava com cinco integrantes e tinha dois receptadores, que também são donos de desmanches.
Nos seis meses de investigação, o núcleo de Roubo de Carga de Mogi das Cruzes acompanhou, por meio de escutas, a atuação das quadrilhas em 28 roubos de caminhões, sendo que 15 foram recuperados. Ainda de acordo com a polícia, quase todos os integrantes dos grupos criminosos já cumpriram pena por roubo, e os três receptadores já têm passagens por esse tipo de crime.
Coletiva
O secretário estadual de Segurança Pública, Alexandre de Moraes, também participou da coletiva, em Mogi das Cruzes, na tarde desta segunda. “Esse quadrimestre foi o maior em produtividade desde 2001, quando começou a medição das atividades policiais. A produtividade aumentou em 6,38%. É importante salientarmos que a curva de ascensão do roubo de carga vem subindo de maneira aritmética. Desde 2010 há um aumento gradativo, mas pequeno.”
O secretário explicou ainda que há dois tipos de roubo de carga: os casos de conveniência, que acontecem quando surge a oportunidade e os roubos ocasionados por quadrilhas. “Esses casos de roubos por quadrilha representam apenas 8,2% dos roubos de carga, mas o valor agregado é muito maior devido a periculosidade, os indivíduos agirem armados. Com o trabalho de interligação, conseguimos agir na raiz dessas quadrilhas”, comenta.
Segundo Moraes, as investigações e prisões foram possíveis por meio de um mapeamento de todas as rodovias, incluindo horário e local. “Todos os roubos de carga dos últimos dez anos estão mapeados. Estamos verificando agora as rotas de fuga e os receptadores para evitar que o crime prossiga”, finaliza.
Aumento do crime
A Secretaria Estadual de Segurança Pública divulgou, em maio, que o roubo de carga foi um dos crimes que mais cresceu, tanto na capital quanto no Estado de São Paulo. Os números são de abril deste ano em comparação com o mesmo mês em 2014.
No estado de São Paulo, o roubo de cargas passou de 702 para 761 – um aumento de 8,45%. Só na capital, esse tipo de crime teve alta de 19,63%: foram 463 casos neste ano contra 387 no ano passado.
Fonte: G1