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Roubo de carga cresce, e empresas trocam escolta por ‘”isca eletrônica”

Diante da explosão dos casos de roubo de cargas no Estado de São Paulo, responsável por quase 60% das ocorrências no país, indústrias e empresas de transporte têm investido cada vez mais em tecnologia, apontada como a principal arma para combater esse tipo de crime.

“A escolta armada é hoje uma exceção. O melhor para o setor é investir cada vez mais em tecnologia. Fizemos isso, e os roubos em nossas cargas diminuíram 40%”, disse Antônio Marin, coronel aposentado da PM que atua como gerente nacional de risco da BrasPress, uma das principais transportadoras do país.

A empresa, segundo ele, investiu nos últimos dois anos cerca de R$ 50 milhões em logística de segurança e equipamentos, como as iscas eletrônicas -chips embutidos nos produtos, que passam a ser monitorados da mesma forma que os caminhões.

Durante o trajeto, monitorado por satélite, o motorista também precisa adotar uma série de medidas, como paradas em locais previamente combinados. Toda e qualquer alteração na rota deve ser comunicada à central de riscos.

“A tecnologia é hoje uma condição muito importante de segurança. Sem ela, não é possível sobreviver”, corrobora Sérgio Casagrande, vice-presidente do Grupo Apisul, gerenciadora de riscos e corretora de seguros de transportadoras de cargas.

Dados divulgados nesta segunda (25) pela Secretaria da Segurança Pública do governo Geraldo Alckmin (PSDB) mostram que, na cidade de São Paulo, os roubos de carga subiram quase 20% na comparação entre abril deste ano e abril de 2014. No Estado, a alta foi de 8%.

No acumulado do ano (janeiro a abril), o aumento na capital foi de 18%, enquanto em todo o Estado chegou a 9%, em relação ao mesmo período do ano passado.

Além dos roubos de carga, os roubos a banco também aumentaram —de 14 para 20 casos no Estado. Os demais índices apresentaram queda.

O secretário da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, afirmou que os roubos de carga estão em alta desde 2010 e que, “aparentemente”, os criminosos estão migrando para essa modalidade.

NA ENTREGA

Segundo o gerente nacional de risco da BrasPress, o roubo em trânsito vem diminuindo. O momento mais crítico é o de desembarque das mercadorias, sobretudo em grandes centros urbanos como Rio e São Paulo.

Ao comentar as estatísticas, o secretário citou os roubos “de conveniência”, cometidos durante a entrega da carga, e os praticados por quadrilhas especializadas e mais perigosas que atacam nas estradas e próximo a depósitos, como ocorre em Santos, onde há o porto, e Campinas, onde está o aeroporto de Viracopos.

Para combater os primeiros, Moraes disse apostar em um reforço no policiamento, sobretudo na capital. Os últimos, afirmou, precisam ser combatidos com inteligência policial, a cargo do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais).

O valor das cargas roubadas em 2014, segundo o Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo, chegou a R$ 1 bilhão.

Os alvos principais são produtos alimentícios, medicamentos e eletroeletrônicos.

A Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), que reúne cerca de 550 empresas nacionais e estrangeiras, criou um grupo para formar diretrizes e facilitar a interlocução com o poder público. Há também uma área de inteligência que auxilia a polícia nas investigações.

Dados da entidade mostram alta de 20% nos roubos de cargas de eletroeletrônicos entre 2013 e 2014.

“Gastamos muito com segurança, o que torna o ‘custo Brasil’ ainda muito alto para as multinacionais”, afirma Fábio Barbosa, diretor do comitê de prevenção ao roubo de cargas da Abinee.

 

Fonte: Folha de S. Paulo

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