As companhias de seguro estão incorporando ao seu portfólio de ofertas a prestação de serviços de gerenciamento e mitigação de riscos com a perspectiva de reduzir a ocorrência de sinistros e os prejuízos com o pagamento de indenizações aos seus clientes. O objetivo, também, é mostrar ao mercado que estão se posicionando de forma diferenciada da concorrência, já que lidam com a comercialização de um produto – apólice de seguros – que é uma commodity.
A Yasuda Seguros tem na sua estrutura organizacional uma área dedicada à consultoria em gerenciamento e mitigação de riscos aos segurados das áreas de transporte e seguro patrimonial, que são as mais expressivas para os negócios da companhia no ramo de riscos corporativos. Trata-se de uma prática comum nesse segmento, que abrange os segurados de maior porte, explica Luiz Macoto Sakamoto, diretor vice-presidente da companhia.
Segundo o executivo, as seguradoras que operam com riscos corporativos têm que oferecer outros tipos de serviços, além do seguro, para se diferenciar no mercado. Mas ele observa que gerenciamento e mitigação de riscos não devem ser vistos apenas como uma maneira de a seguradora reduzir a incidência de sinistros e os prejuízos com o pagamento de indenizações, mas também como uma forma de adicionar valor à cadeia de negócio do segurado.
Com base nessa diretriz, a Yasuda Seguros adota uma metodologia de análise que lhe permite fazer um mapeamento dos riscos e sugerir mudanças nos procedimentos internos dos segurados. “Na carteira de transporte tivemos uma redução de aproximadamente 50% na frequência de pequenos sinistros com o serviço de gerenciamento de risco e esse índice tende a diminuir ainda mais”, afirma.
A abordagem no gerenciamento e mitigação dos riscos tem produzido bons resultados às companhias, mas os segurados também são beneficiados com a redução dos preços das apólices de seguros. “Não estamos aqui só para cobrar prêmios e pagar sinistros no futuro”, diz Luiz Pomarole, diretor geral da Porto Seguro. A companhia vem desenvolvendo uma série de ações que oferecem benefícios e proteção aos seus clientes, principalmente no ramo de automóveis, que é a sua principal carteira.
Um das preocupações é com a inundação de veículos na rua. A Porto Seguro trabalha com a possibilidade de ocorrência de muita chuva no próximo ano e formalizou uma parceria com duas empresas de meteorologia para emissão antecipada via SMS de alertas de previsão de chuva nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e outras regiões onde o risco de alagamento é grande. “Essas informações já estão disponíveis na internet. O que vamos fazer é integrá-las ao nosso sistema e disparar aos nossos segurados”, explica Pomarole, sem custo adicional.
No que diz respeito a furtos e roubos de carros, a Porto Seguro concede descontos no valor da apólice aos segurados que optam pela instalação de um dispositivo de rastreamento via GPS. Pomarole diz que a cada 100 veículos roubados na cidade de São Paulo, a polícia consegue localizar 35, em média. Com esse dispositivo, a taxa de localização é de 65%.
Uma das grandes companhias de previdência privada aberta do Brasil, com 1,67 milhão de clientes e R$ 87,76 bilhões em ativos sob gestão, a Brasilprev decidiu centralizar em uma diretoria as ações de mitigação de riscos e de redução de custos da operação. “Estamos nos antecipando a um movimento que acreditamos chegará ao mercado de previdência privada, como chegou ao mercado bancário”, afirma Miguel Cícero Terra Lima, presidente da companhia. Para ele, a gestão centralizada vai permitir maior independência na avaliação dos riscos da operação, tornando mais ágeis e dinâmicas as ações de mitigação. A companhia prevê um investimento de R$ 30 milhões na implementação de uma nova plataforma para consolidar a base e sistemas de tecnologia de informação (TI) da companhia.
Fonte: Valor Econômico
Por: Inaldo Cristoni